quarta-feira, 6 de junho de 2007


por Beatriz Caetana - Cruzeiro

Screwjack
Um tempero de Hunter Thompson


Podemos dizer que “ScrewJack” é um achado dos livros de Hunter Thompson. Com todo o seu estilo gonzo, ilustrando sua primeira experiência com a droga mescalina, dentro de um quarto de hotel, esperando por seu amigo Oscar para pegar um vôo, quês só aconteceria às dez da manhã, do dia seguinte. Com vontades incontroláveis de não saber o que fazer. O primeiro capítulo é dedicado a experiência do uso da droga. Esse é um dos trechos que mostram o momento do efeito da droga:


"Deus do céu, agora são 6h45 e a cápsula começou a fazer efeito de verdade. Antes de um verde monótono, o metal da máquina de escrever tornou-se uma espécie de azul muito lustroso, e as teclas faíscam e centelham, cheias de pontos de luz... eu meio que levitei na cadeira, pairando sobre a máquina de escrever em vez de ficar sentado, Tudo indicava um brilho fantástico, luzidio e envernizado com alguma iluminação especial... e em meios físicos o negócio parece a primeira meia hora da viagem de ácido, um espécie de zumbido onipresente, a sensação de ser agarrado por alguma coisa, vibrando por dentro mas sem nenhum sinal ou movimento exterior."

Esse parágrafo revela os artifícios usados em um texto gonzo, principalmente pelo uso de drogas feito pelo repórter. Essa característica fica presente em todo o primeiro capítulo do livro. Thompson não esconde, ao contrário, ele revela todos os sintomas que sentiu ao tomar a mescalina. Ele precisava de energia para escrever. Suas divagações são presentes ao longo do texto, com alguns pensamentos desconexos e idéias amedontradas. Thompson situa-se apenas pelo horário do noticiário do rádio, essa espera marcada a todo mundo até a entrada de Oscar no quarto que é quem o levaria para o aeroporto.


A partir do outro capítulo Hunter descreve o assassinato de um amigo. Com descrições irônicas e pensamentos sádicos, o autor não poupa segredos a dizer que o amigo batia na mulher.
“Esta é a Jennifer”, anunciou. “Ela é meu saco de pancadas”. Agarrou a boneca pelos cabelos e atirou-a longe. “Ho, ho”, riu. “Chega de bater na minha mulher. Graças a Jennifer, estou curado.” Leach sorriu, acanhado. “É quase um milagre. Essas bonecas salvaram meu casamento. São mais espertas do que você imagina”, alegou, com ar de seriedade.

O livro ScrewJack, é um dos livros mais fortes do autor. Deixando à mostra seu pseudônimo, Raoul Duke, o lado perverso que Hunter poderia expor, sem medo algum. No último capítulo do livro, quem assina o texto é Raoul Duke, em uma história confusa e muito pessoal. Hunter despede de seu livro da forma mais egocêntrica que poderia supor.


Clique abaixo e vejo pouco do Gonzo.





Beatriz Caetana

graduanda em Jornalismo
msn: biacramos@hotmail.com