sábado, 27 de outubro de 2007

por Beatriz Caetana - Cruzeiro

Parte III

Com o tempo passando, desisti da musculação por não agüentar o narcisismo de garotos de dezesseis e dezessete anos, com seus corpos malhados apenas até a cintura, já que meninos não malham a parte de baixo do corpo que se chamam pernas. Esses aparelhos são usados por meninas. E são poucas as meninas que fazem musculação, pelo menos no horário em que estava os observando.


Eles levam mais de uma hora pra fazer um simples exercício, passam a tarde inteira malhando, conversando com os amigos e olhando no espelho. É a estética de Johnny Bravo, uma pirâmide invertida (igual a do jornalismo), lotando todo o espaço acadêmico, me entristeceu. Meninos com blusas, bermudas, regatas, tênis, meias e bonés de marcas, sempre iguais. Tudo bem que as mulheres onde treino são arrumadas, mas não no nível que aqueles meninos estão.


Eles usam roupa nova para ir malhar, escutam a música dramática, “Angel” da Sarah Mclachlan em versão remix, Marcelo D2, Charlie Brown Jr. e músicas de balada. Acabei não agüentando nem uma semana naquele território juvenil e contrário a saúde mental. Fora que depois de “malhar”, eles reforçam o corpo tomando litros de açaí, de 300 ml, por que como diz uma amiga minha que também entrou nesse antro da musculação e acabou desistindo, “agente somos marombados”. Nada contra a musculação, para muitas pessoas, como as senhorinhas com quem faço ginástica, é super eficaz, para fortalecer os ossos, porém, para mim não foi suficiente, ainda bem.


Conversei com meninos e meninas que fazem ginástica, um deles Rodrigo Alexandre, adora, ele era muito magro e com a musculação conseguiu “ganhar corpo”, engordou quase dez quilos, seu peito de pombo está mais protuberante. Já Ana Paula Silva, menina de 24 anos, não agüenta musculação, por achar muito calmo e as músicas são chatas demais. Ela foi convencida por mim a fazer aulas de condicionamento global. Semana que vem ela começa.


Faz um mês e uma semana que estou fazendo ginástica, se vi alguma diferença? Física, bem pouca. Apenas meu pulmão está mais resistente, tenho mais elasticidade em certas partes do corpo, não canso quando ando depressa. Estou me alimentando melhor, na verdade, só de manhã. Comendo carboidrato para ir malhar e logo após uma frutinha para esperar a hora do almoço, essas foram dicas do meu professor Túlio, super animado por sinal. Mas a grande questão que já é sabida por todos, é o bem estar mental que a ginástica nos proporciona, ainda não sei qual substância é eliminada nessa hora, devem ser as endorfinas ou as adrenalinas.


Além de conversar com jovens senhoras de cinqüenta anos, acordar cedo e conhecer novas letras de funk, descobri partes do corpo que nem sabia que doíam, como a parte posterior da coxa, que ainda continua doendo. Tenho que confessar, é muito bom “malhar”, pensei até em começar a treinar para competições de Triatlo...(rs). E sobre o Robert, ainda não sei quem ele é, mas algumas pessoas ainda o procuram por lá.


Fim.

Beatriz Caetana
graduanda em Jornalismo
msn: biacramos@hotmail.com

domingo, 21 de outubro de 2007

por Beatriz Caetana - Cruzeiro

Continuação... parte II




No primeiro dia a sensação de me sentir um E.T. era nítida, eu, 1,75 centímetros tentando disfarçar toda essa altura em uma piscina com profundidade de um metro, foi incrível. Diferente da musculação e o condicionamento global, não se escuta nenhum tipo de música, apenas o som ambiente, e a voz do professor, isso exatamente das oito ás nove da manhã, toda terça e quinta-feira.


Meu músculo antes doído começou a se tornar dormente nos primeiros dias, não tinha mais glúteo nem perna. Os braços viraram membros adicionais do meu corpo sem efeito para nada, apenas parte de um todo, sem contar o bronze que comecei a ganhar. Mesmo assim a hidroginástica começou a me fazer bem, principalmente, por estar em contato com aquelas senhorinhas e mais três senhorzinhos.


Eles não falam palavrão e me chamam de ‘grandona’. A hidroginástica é muito importante para eles por cauda da osteoporose, ainda mais que na água o contato e impacto é suprimido, por razões simplesmente físicas, e desse jeito eles pulam, nadam sem maiores comprometimentos. Outro detalhe, elas são animadas ao extremo. Eles estão vivendo a modernidade de envelhecer com saúde. Quem diria que estaria viva para presenciar tal acontecimento, que coisa hein!

continuação...




Beatriz Caetana
graduanda em Jornalismo
msn: biacramos@hotmail.com



domingo, 14 de outubro de 2007


por Beatriz Caetana - Cruzeiro

Onde está o Robert?

Quase dois meses de malhação para descobrir quem é Robert.


Ainda posso sentir minhas pernas doendo, desde o primeiro dia que comecei a “malhar”. Ainda posso sentir meus músculos se contraindo pela força dos alongamentos, das subidas e descidas de peso, dos abdominais mal feitos; e incrivelmente, do meu glúteo (tenho que usar uma linguagem de academia) ficando durinho. Não eu não estava ali.



Acordei às seis da manhã para começar meu primeiro dia de academia, meu treinamento semanal seria o condicionamento global. Global por englobar todo o corpo e condicionamento para me condicionar às dores terríveis do dia seguinte. Na verdade essa prática junta exercícios de solo, desde step, jump, aeróbica, body combat até localizada, tudo em uma coisa só, por isso o nome global. Sem contar os exercícios de pompuarismo que aprendemos, “quanto mais tremer a bunda melhor”, é assim que meu professor Túlio fala, “muito bem Bia, você já está tremendo a bunda”, é o chamado exercício para períneo.



Sou um ser sedentário, não faço caminhada pela falta de espaço que existe nas ruas, não gosto de suar e mesmo assim me infiltrei em uma academia de manhã e a tarde, para saber como é a vida das pessoas atléticas, saudáveis e que sempre estão com a auto estima elevada, graças a aparência de seus corpos definidos e bombados.



São 7h e 15 da manhã, estou dançando Mc Leozinho, “se ela dança eu danço, se ela danço eu danço, falei com o DJ...”, acompanhado de Tati Quebra-Barraco, “ sou gatinha, sou cachorra, não adianta se esquivar...”. Nada contra o funk, mas eu não sei dançar isso. Tenho bunda, tenho coxa e tenho peito.... MAS EU NÃO SEI DANÇAR FUNK. É isso mesmo, agora já são 7h e 30 e toda essa música popular faz parte do repertório do meu treinamento de condicionamento global. No momento do alongamento, Tony Braxton, Beyounce, Shakira, e as novas vozes do hip-hop, como : Akon, Justin timberlake, Nelly Furtado e Timbalad com o hit “give it to me”, entram em ação. No final de cada aula sou movida a músicas da novela das oito, Paraíso Tropical, o momento de relaxar.


Faço duas aulas por semana, uma hora cada, com mais dezoito mulheres, sendo 90% delas casadas e com filhos. Elas vão embora de carro importado depois da malhação, e eu volto a pé, porque sou uma pobre estudante proletariada. Faz uma semana que estou querendo saber quem é o Robert? Depois da aula algumas velhinhas estão do lado de fora da sala, todas eufóricas esperando pela sua vez, mas elas não irão suar e dançar Tati Quebra-Barraco como eu ... Como queria fazer aula com essas velhinhas. Todas vestidas em traje esportivo, em rodinhas prontas para suar.




É incrível, mas além do condicionamento global, meu sonho se realizou, fazer aulas com as senhorinhas de traje esportivo. Acabei descobrindo que elas fazem hidroginástica. Então, comecei a fazer hidroginástica logo após a aula de condicionamento global.



Continuação ...



Beatriz Caetana
graduanda em Jornalismo
msn: biacramos@hotmail.com