domingo, 2 de dezembro de 2007

por Beatriz Caetana - Cruzeiro

Conclusão



O Jornalismo Gonzo não é conhecido por muitas pessoas, nem todo estudante de jornalismo sabe o que vem a ser, e principalmente, professores de jornalismo. O gonzo é uma linguagem que leva o jornalista a seus limites criativos. Com as entrevistas que foram feitas para compor essa pesquisa, ficou entendido através de jornalistas e acadêmicos, que a falta de talento é o grande vilão para o desconhecimento do Gonzo. Mesmo, sendo quase impossível ensinar alguém a ter talento, é importante saber que, escrever em primeira pessoa não quer dizer que se sabe fazer gonzo jornalismo, ele exige talento e carisma por parte do repórter.


O Gonzo necessita da técnica ousada, que lhe é peculiar. Quando dizemos o uso da técnica, estamos relacionando que sem: sarcasmo; uso da primeira pessoa; imersão na informação; uso da ficção; descrição meticulosa das ações e lugares; ser parte da informação; e não se levar muito a sério. Sem isso, a reportagem será apenas uma reportagem factual, sem características do estilo gonzo.

Mas essas características não cabem em qualquer tipo de formato, se o veículo não tiver uma estrutura livre voltada para um público especializado, ou ligado ao entretenimento, dificilmente, reportagens gonzas existirão. É o caso da extinta revista Zero, que tinha um público alvo para suas matérias. A revista Rolling Stone, que presa por essa desenvoltura em sua edição. Na TV, a MTV, abre espaço, porém visando o entretenimento. O cinema é o outro lugar em que o jornalismo gonzo pode ousar.

Esses formatos foram ressaltados na pesquisa. São veículos em que a criatividade e o talento do repórter são valorizados. Isso não aconteceria em um jornal diário, que presa pela informação rápida, às vezes, superficial para manter o leitor “informado”. Técnica é o que eles fazem. O gonzo existe sim, em lugares em que ele possa ser livre, com uma linguagem diferencial e sem estruturas jornalísticas.

Um dos pontos das hipóteses era que, o jornalismo gonzo era conhecido apenas no meio acadêmico, por isso a produção de reportagens em outros veículos era quase nula. Porém, com as pesquisas e leituras de livros acadêmicos baseados em estudos literários, essa idéia caiu por água abaixo. O meio acadêmico não lida com a literatura da mesma forma que lida com ciência. Isso faz com que existem poucas pesquisas aprofundadas que dêem ao estudante de jornalismo base histórica e conceitos sérios sobre o gonzo. As pesquisas sobre o gonzo, ficam estacionadas até a monografia, a partir disso nada de concreto retrata os conceitos e características dessa vertente.

Muitos acham que falar de jornalismo gonzo, é envolver a palavra, droga. Esse estigma foi marcado pelo criador do gonzo, Hunter Thompson. Ele usava substâncias ilícitas pela personalidade ímpar que tinha. Mas ninguém pode negar que naquele homem “excêntrico”, havia talento. Esse não é o motivo para que essa vertente seja desconhecida, isso faz parte da falta de informação sobre o assunto.

Com essa pesquisa fica válido afirmar que o gonzo é uma escrita literária, pelo envolvimento que leva ao leitor, pelo uso da ficção, pela característica dos escritores do século XIX e pelo uso de arquétipos literários. E ele é uma reportagem em si, pois é ali que o repórter tem que mostrar o seu talento em aprofundar na informação. Porém é mais considerado um estilo literário do que um gênero em si.

O gonzo é conhecido no meio literário, porém vários argumentos impedem que ele seja pesquisado com maiores apontamentos. Existe uma falta de informação dos acadêmicos em mostrar essa linguagem ao mundo. Mas eles sabem que ela existe. Não existe livro baseando conceitos do gonzo. Isso cabe também ao New Journalism, que teve seu auge com os livros-reportagens.

Finalizando, a questão de saber a causa do jornalismo gonzo ser pouco conhecido no meio acadêmico como uma linguagem literária, é respondida da seguinte maneira: Falta mais informação do jornalista seja ele estudante ou graduado em conhecer essa linguagem e saber que jornalismo pode ser feito de outras maneiras.




Beatriz Caetana
graduanda em Jornalismo
msn: biacramos@hotmail.com

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